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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 108-1

108-1

Caracterização fenotípica e molecular de isolados de Salmonella spp. de origem animal resistentes às polimixinas

Autores:
Monique Ribeiro Tiba-casas (IAL - Instituto Adolfo Lutz) ; Karoline Rodrigues Campos (IAL - Instituto Adolfo Lutz) ; Jacqueline Boldrin de Paiva (BIOCAMP - Biocamp Laboratórios LTDA) ; Marcela da Silva Rubio (SEARA - Seara Alimentos LTDA) ; Carlos Henrique Camargo (IAL - Instituto Adolfo Lutz)

Resumo:
A resistência antimicrobiana está se tornando um grande desafio para saúde pública devido ao aumento da resistência aos beta-lactâmicos em geral. Os isolados de Salmonella spp. são os mais frequentes agentes causadores de doenças de transmissão hídrica e alimentar, mas também podem causar doenças invasivas graves. Perfis de resistência às principais classes de antibióticos, vem sendo detectados e, nestes casos é necessária à busca de uma nova opção terapêutica, como por exemplo, as polimixinas. Em 2015, surgiu o primeiro relato da resistência às polimixinas mediado pelo gene mcr (mobile colistin resistance), que se disseminou por diversos continentes e ocasionou uma grande preocupação global em saúde pública. O objetivo deste trabalho foi identificar e caracterizar os mecanismos que medeiam à resistência à polimixinas em cepas de Salmonella spp. Foi realizada a triagem pelo teste da gota e teste da CIM frente à colistina e polimixina B no total de 1156 isolados de Salmonella enterica. Nos isolados resistentes foi verificado a presença de mutações nos genes (pmrA/B e phoP/Q) associados à resistência às polimixinas, e através da PCR foi feita a identificação dos genes de resistência plasmidial (mcr). Das 210 cepas de Salmonella resistentes a colistina e polimixina B, nenhum isolado foi positivo para o gene mcr. Porém, através do monitoramento de resistência que realizamos no laboratório, verificamos que o gene mcr-9 estava presente em isolados sensíveis as polimixinas. Os valores do CIM50 e CIM90 para colistina e polimixina B dos 210 isolados de Salmonella spp foram de 4 µg/mL e 8 µg/mL, respectivamente. Foram identificados 48 isolados de Salmonella spp. resistentes apresentando mutações em pmrA, 51 isolados com mutações em pmrB e 36 isolados em ambos os genes. Não foi identificada mutação em phoP e foram identificadas três mutações em phoQ (M85V, A98T, T289S). Cento e quarenta e três isolados resistentes não apresentaram mutações, sendo que, 76 isolados eram do sorotipo Enteritidis, 3 isolados eram Dublin, 5 isolados eram Gallinarum e 4 isolados Pullorum, ou seja, a maioria deles faziam parte do grupo D1 (O9). As demais 55 amostras eram pertencentes aos sorogrupos O4, O7, O8 e O21, e não apresentaram mutações nos sistemas PmrA/B e PhoP/Q. Com a realização do presente trabalho foi possível cons¬tatar que alguns sorovares de Salmonella, principalmente do grupo D1, podem ser intrinsicamente resistentes a estas drogas. Além disso, verificamos que o gene mcr-9 está sendo disseminado silenciosamente. Este estudo confirma a necessidade de monitorar e pesquisar os mecanismos que conferem resistência a colistina, para permitir estratégias eficazes para preservar a eficácia dos antibióticos no futuro, e que devemos implementar ações de prevenção da disseminação da resistência ao nível da medicina humana, da medicina veterinária e do meio ambiente.

Palavras-chave:
 Salmonella, colistin, resistência, plasmídeos


Agência de fomento:
Fundação de Amparo a Pesquisa do estado de São Paulo (2021/12219-3), CNPQ (402563/2021-2) e FESIMA (SES-PRC-2023/10883).